Quando a vida nos sorri é fácil sentirmo-nos estáveis. Não nos apercebemos, então, de todo o apego escondido nessa falsa estabilidade. Estamos apegados a pessoas e situações, a opiniões, estatuto e, claro, objetos materiais que, mais tarde ou mais cedo, irão deixar-nos ficar mal. As coisas são, por natureza, impermanentes e passageiras.
A mente não é estável. Ela é uma incessante corrente de pensamentos, sensações e sentimentos e, se nos mantivermos no estado de (in)consciência habitual, não vemos para além disso. Assim, é natural que fiquemos tristes e perturbados quando as situações se tornam caóticas.
Os ensinamentos budistas oferecem-nos uma alternativa. A essência da prática do Dharma consiste em familiarizarmo-nos com o funcionamento da nossa mente, mas de uma forma pouco usual. Somos advertidos para a observarmos, em profundidade, abaixo da superfície dos pensamentos e das emoções, até reconhecermos a qualidade de presença subjacente, idêntica na felicidade como na infelicidade.
Assim, em vez de tentarmos evitar o sofrimento e procurar a felicidade, devemos observar a natureza cristalina da mente subjacente a todas as experiências. Thinley Norbu Rinpoche diz:
“Desta forma, estamos sempre envolvidos em ciclos de sofrimento e felicidade. Quando esses sentimentos estão presentes, devíamos observar a natureza e a condição da mente. Quer quando estamos felizes, quer quando uma relação termina e nos separamos dos nossos amigos, devemos observar a natureza e condição da mente.
Embora continuemos a sentir essas emoções, vamos também sentir a identidade subjacente da felicidade e da infelicidade. Quando estamos felizes reconhecemos a vacuidade através da felicidade e, quando estamos infelizes, reconhecemos a vacuidade através da infelicidade.
Esta prática é chamada de “o gosto único da felicidade e da infelicidade.”
ECHOES – The Boudhanath Teachings THINLEY NORBU – Translated by William Koblensky – SHAMBHALA Publications Boulder · 2016
Muito verdade… grata pela partilha